ENTRE CESTAS E TABELAS

Por Antonio Guilherme Schmitz Filho

Passados quinze anos o basquetebol masculino brasileiro retoma a condição de participar dos Jogos Olímpicos. Durante todo esse tempo a coisa andou ‘entre cestas e tabelas’. Tabelas que não encontravam as cestas e cestas que fugiam das tabelas. Uma mínima projeção de como o resultado esportivo depende de uma série de atributos relacionados. QUAL OU QUAIS OS CULPADOS PARA TAMANHA PERMANÊNCIA NO ‘LIMBO ESPORTIVO’?

Brasil conseguiu vaga para Olimpíadas de 2012

Acredito que uma atribuição de culpa segura e imediata não encontre sustentação e nem mesmo um correto significado. O mundo esportivo e as diferentes modalidades esportivas estão ligados ao contexto cultural de sua inserção. O que determina maior ou menor interesse pela prática e maior ou menor apoio para o seu desenvolvimento. A relação cultural também estabelece critérios e prioridades políticas. Orientadores da destinação orçamentária e olhares, tanto da esfera pública como da esfera privada.

Outra questão pontual que merece observação neste episódio em particular é o estabelecimento das responsabilidades na conquista da vaga olímpica. O técnico por vezes foi chamado de ‘arquiteto’ e o quinteto titular assumiu a ‘condição de sexteto’ com a inclusão de ‘mais um responsável’ pelo sucesso.

Treinador Ruben Magnano frente a seleção

É necessário esclarecer que não desmereço o papel desses atores no processo da conquista. Mas afinal de contas, a ação vitoriosa também é feita por uma equipe e um projeto, que por sua vez sofre uma cadeia de ingerências significativas para o todo. O trabalho do técnico argentino Rubén Magnano sem sombra de dúvida é fundamental. Até porque a sua trajetória no campo olímpico é incontestável. Mas outros aspectos, como o esforço de todos que atuam nos ‘bastidores’ do espetáculo, são tão importantes quanto...

Neste caso, penso que o ponto de chegada – a vaga olímpica – reflete o necessário e urgente posicionamento do basquetebol na vida dos brasileiros. E isso em todos os níveis! Não basta alcançar o status de ingresso, as ações devem se voltar para a participação e a busca efetiva de resultados esportivos. Os brasileiros de uma maneira geral precisam observar outros exemplos mundo afora e exigir e criar de uma vez por todas, oportunidades esportivas regulares e democráticas.

Jogo do Brasil válido pelo Pré-Olímpico (Foto:AP)

O sucesso esportivo é um horizonte constituído de árduo trabalho e carece de sustentação social. A sociedade deve assumir a importância do esporte e incorporar o hábito de participar dos processos decisórios. Necessitamos compreender as formas e as maneiras que cercam o desenvolvimento e a política esportiva no Brasil. Só assim, através de um envolvimento direto e do cuidado com as coisas do esporte, conseguiremos atingir um número expressivo de pessoas comprometidas.

Em resposta a pergunta inicial: Eu me considero um dos responsáveis pelo tempo de permanência do basquetebol masculino no limbo esportivo e penso todos os dias, a partir das minhas ações profissionais, nas coisas que devo fazer para melhorar as condições do esporte brasileiro!