segunda-feira, 24 de outubro de 2011

RECORDES NA RECORD

Por Antonio Guilherme Schmitz Filho


Os Jogos Pan-Americanos apresentam um cenário diferenciado na TV de sinal aberto. A ‘Rede Record de Televisão’, a mais antiga emissora em atividade no Brasil (1953), ganhou vitalidade de campeã e assumiu um espaço que se mantinha hermético no que diz respeito à cobertura de eventos esportivos de grande porte. A impressão de ‘palco renovado’ é a mesma que senti por ocasião da cobertura do Carnaval do Rio de Janeiro (1984) quando a antiga Rede Manchete assumiu a ponta com a exclusividade da transmissão e interrompeu, mesmo que momentaneamente, um processo hegemônico.


Não assumo nessa coluna a discussão da disputa empresarial, mas sim a discussão dos aspectos que envolvem a sobreposição de universos interdependentes. O universo jornalístico e o universo esportivo estão em processo de ‘comprometimento’, de ‘cumplicidade’! E aqui pontuo uma questão que talvez frustre aqueles que buscam a culpa e a polarização de responsáveis e responsabilidades. O jornalismo esportivo é uma realidade, merece zelo e compartilhamento no que diz respeito ao conhecimento e aos desdobramentos em processo, sobretudo, a partir das áreas envolvidas – Ciências Sociais Aplicadas e Ciências da Saúde!

Time de Handebol feminino ganhou ouro no Pan (Foto: Rodrigo Buendial/AFP) 

Nem tanto para apocalíptico e nem tanto para integrado em menção às conceituações criadas por Umberto Eco, e na mesma proporção intencionada pelo autor, na revitalização de discussões para além de meras polarizações, exemplifico algumas peculiaridades desse ‘palco renovado’. A Record, assim como outras emissoras em situação semelhante, capitaneou um time de comentaristas. A notoriedade, obviamente, foi a grande orientadora das contratações. Também os sensacionalismos, as análises a partir de resultados, assim como a ênfase ao nacionalismo, tornaram-se temperos e ingredientes comuns.

Romário comenta jogos da seleção no Pan (Foto:Divulgação/Record)

Na conjuntura descrita, chamo a atenção para as abordagens a partir da tematização dos ex-atletas/celebridades, comentaristas das diferentes modalidades esportivas. Exatamente no ponto de confluência entre notoriedade e confirmação do saber esportivo específico, dois analistas merecem destaque: ROMÁRIO E FERNANDO SCHERER (O XUXA).

O "Xuxa" faz parte do time de comentaristas da Record (Foto:Uol)

O contraponto que desejo estabelecer refere-se à compreensão do jogo e ao conhecimento esportivo em processo. Romário mudou visivelmente suas interpretações e, mesmo com intervenções curtas, estabelece orientações pontuais a partir das situações que o jogo apresenta. Fernando Scherer faz relações constantes entre a técnica do nado e a tática estabelecida pelos nadadores para o sucesso nas provas. Mesmo que mínimos, são dois grandes exemplos que devemos observar no universo que aponta para uma necessária e urgente reestruturação do gênero que encerra o jornalismo esportivo brasileiro.

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