Das quadras de handebol à docência na UFSM
*Por Mauren de Freitas, Mateus Pereira, Yuri Nascimento, Nasaré Júnior e Paola Schwelm
Professor, engenheiro civil, pai de família. Quem passa por Joaquim Cesar Pizzutti dos Santos não imagina a importância dele para a história do handebol brasileiro. Longe das competições profissionais há 16 anos, Pizzutti fala sobre sua trajetória no esporte, sua vida pessoal e opina sobre o futuro da modalidade.
Ainda no colégio, Pizzutti começou a participar de competições estudantis dentro do estado. Em 1976, a equipe em que atuava ficou em terceiro lugar nos Jogos Estudantis Brasileiros. O time, originado da fusão de equipes de colégios, teve como base atletas santa-marienses. Eles perceberam que o hobby poderia se tornar uma profissão. Os treinos passaram a ser sistemáticos e, em 1977, a equipe foi campeã nacional, na categoria juvenil, em Brasília. Uma década depois, o mesmo time foi contratado pela empresa Sadia, naquela época sediada em Chapecó (SC). A meta era formar um time de ponta, visando à hegemonia na categoria. Após participações em diversos campeonatos brasileiros e sul-americanos, a equipe ficou conhecida e os objetivos foram todos alcançados.
Joaquim Pizzutti relembra as conquistas estudantis |
Com toda essa experiência e paixão pelo esporte, Pizzutti se preocupa com o futuro esportivo no país, principalmente em Santa Maria. Segundo o engenheiro, as escolas diminuíram esse cuidado e acabaram focando mais em atividades didáticas, como o vestibular. “Eles perderam a noção da importância da socialização para os jovens, através do esporte”, afirma. Outro fator relevante, citado por ele, é a midiatização esportiva, o que dificulta a captação de patrocínio. Segundo Pizzutti, as empresas não enxergam a mudança social que o esporte pode proporcionar aos jovens, como, por exemplo, tirá-los das ruas.
A política dentro das confederações é outro aspecto levantado pelo ex-atleta profissional. Para ele, a evolução esportiva não acontece devido à falta de oportunidades, consequência da divergência de objetivos entre esportistas e membros das confederações. “Pessoas que assumem essa posição não têm propósito de resultado, mas de dinheiro e patrocínio”, opina. Segundo Pizzutti, isso gera uma estrutura no esporte que não é para chegar ao nível de uma Olimpíada. Ao comparar o voleibol brasileiro atual com as outras modalidades, o engenheiro conclui que as vitórias dessa categoria são estabelecidas, através de uma estrutura de base organizada. “As pessoas têm a cultura da seriedade e, com isso, não se perde mais”, completa.
Pizzutti é engenheiro civil e professor da UFSM |
Em relação ao futuro do handebol brasileiro, Pizzutti cita o exemplo de seu filho que, aos 20 anos, mesmo sendo um jogador com nível profissional elevado, não tem reconhecimento. “A confederação nem sabe que ele existe. Assim como ele, existem muitos atletas nessa situação”, conta. O engenheiro afirma não ver a mesma oportunidade de sua época e comenta sobre a falta de inovação no ramo. “O presidente da confederação está há trinta anos no cargo. O que eu posso esperar de uma pessoa que não colocou o Brasil na elite durante todo esse tempo?”, questiona.
Hoje, aos 51 anos, Pizzutti procura levar uma vida saudável e participar dos treinos do time da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “Eles estão com dificuldade em conseguir treinador, então, sempre que posso, procuro auxiliar”, conta. Viajar e pescar são os grandes hobbies do engenheiro, que também enfatiza o gosto pela profissão atual. “O maior lucro do professor é a convivência com os alunos. Parado, a gente envelhece muito mais rápido”, brinca. Pizzutti é professor do Departamento de Estruturas e Construção Civil do Centro de Tecnologia da UFSM desde 1992.
* O "Por onde anda você" tem coordenação do Professor e Jornalista Gilson Píber. As reportagens são feitas pelos estudantes de jornalismo, na cadeira de Esportivo da Unifra.
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