quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Mau exemplo de sustentabilidade esportiva

Por Gilson Piber



Depois do fiasco diante do Barcelona, quando levou 4 a 0 e “um banho de bola” na final do Mundial Interclubes, em dezembro, no Japão, a direção do Santos deu fim nas atividades da equipe masculina campeã da Liga Futsal 2011 e do time feminino de futebol bicampeão da Copa Libertadores. O presidente santista, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, disse que o clube não pode voltar “à época de amargura”, numa justificativa ao encerramento das duas modalidades. Segundo o dirigente, não haveria recursos próprios para o clube implementar os dois esportes em 2012 e o prejuízo financeiro ocorreria caso quisesse bancar sozinho o futsal e o futebol feminino.

A falta de apoio da prefeitura de Santos e de outros patrocinadores também determinou o fim do futsal masculino e do futebol feminino santista, na ótica de Luis Álvaro. Assim, cai por terra aquela máxima de que equipes campeãs conseguem patrocínio fácil. Outro detalhe importante: o Santos remanejou recursos para ficar com Neymar, o craque do time de futebol de campo. Investiu num único jogador, em detrimento de outros atletas, bem como de outros esportes que promoviam o clube.  No campo mercadológico, a medida até é aceitável. Já na esfera humana, os (as) atletas e os integrantes da comissão técnica desempregados (as) tiveram de buscar alternativas para sobreviver. Alguns (mas) até já acertaram com outras equipes.

Na realidade, o Santos não foi capaz de dar sustentabilidade ao futsal masculino e ao futebol feminino. E, pelo jeito, nem se esforçou muito para isso. Foi bom enquanto durou, como um casamento feito às pressas e sem planejamento. Que tal medida não sirva de exemplo para outros clubes, que têm o futebol como carro-chefe.
Presidente do Santos anunciando fim do time feminino ao lado de Érica - Foto: Uol Esportes

Considero que a aposta em outras modalidades esportivas serve para ampliar a visibilidade da agremiação, dar chance a novos dirigentes, membros da comissão técnica e atletas, além de mais opções ao torcedor que, na realidade, é a razão da existência de qualquer clube. No entanto, é de suma importância os projetos terem sustentabilidade esportiva. Sem ela, as iniciativas são perenes, infrutíferas e deixam marcas negativas para quem participou delas.

A editora do Blog Sustentabilidade Corporativa, Julianna Antunes, diz que "o gestor de projetos tem muito espaço nesse mercado (esportivo)", em tempos de preparação para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 no Brasil. Para ela, “são diversos legados que os eventos esportivos deixam para uma sociedade, entre eles o social (projetos sociais), esportivo (formação de atletas de alto rendimento), ambiental (valorizar energias limpas e realizar conscientização ambiental dos espectadores), econômico (geração de emprego e renda com o turismo) e de gestão esportiva (incentivar a formação de atletas em clubes através de novo modelo de gestão sustentável).”

Que a gestão de projetos esportivos tenha sustentabilidade. Todos vão agradecer. Um ótimo 2012 a todos os leitores.

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