Por Raul Kurtz Cezar, Matheus do Prado, Victor Corrêa e Vinicius Martins
Nascido no dia 5 de abril de 1931, em Santa Maria, Dinarte Fernandes da Palma é daquelas pessoas que, como diz a expressão, “já andaram por tudo”. Já foi jogador de futebol profissional e amador por clubes do interior do estado, treinador de handebol em Santa Catarina, radialista e é o responsável por trazer para Santa Maria a locomotiva da Presidente Vargas.
Aposentado há 28 anos como funcionário público pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem do Estado (DAER), Seu Palma, como é conhecido por amigos e familiares, fala sobre seu início no futebol profissional, os momentos memoráveis da carreira, os tempos de radialista e a vida como funcionário público.
Seu Palma foi goleiro, iniciou a carreira na década de 1950 e até encerrá-la, em 1962, passou por diversos clubes do interior do Rio Grande do Sul, como o Grêmio Bagé, Cachoeira Futebol Clube, Bento Gonçalves, de São Sepé, e Gepo e Gaúcho, ambos de Tupanciretã. Porém, foi atuando pelo Riograndense, de Santa Maria, que mais se destacou.
Seu Palma apaixonado pelo futebol |
Em 1953, Duda, na época central do Riograndense, ao ver Seu Palma “brincar” como goleiro em um campo de várzea, convidou-o para participar de uma peneira que selecionaria novos jogadores para a temporada. Quatro goleiros disputavam a posição e, entre eles, Seu Palma, apesar de sua baixa estatura, 1m67cm, foi escolhido pelo então técnico e professor de boxe, José Marques, e como ele mesmo diz, a partir dali, “pequeno, mas de coração grande” abraçou o Riograndense. Na época, Seu Palma recebia cerca de 150 mil cruzeiros, quantia irrisória se comparada aos salários de jogadores da atualidade.
Atuando pelo clube esmeraldino, Seu Palma, que em sua carreira sempre deu ênfase ao amor à camisa, realizou seu sonho como jogador de futebol, ser campeão do Centenário de Santa Maria. Além da conquista, Seu Palma conta que nunca perdeu para o arquirrival Inter-SM. Uma das conquistas que mais tem orgulho em sua carreira como goleiro do Riograndense foi a vitória no embate contra o Botafogo, do Rio de Janeiro, que fazia uma excursão pelo Rio Grande do Sul, passando por Porto Alegre, Caxias do Sul e outras cidades do Estado. Quando chegou a Santa Maria, fez um jogo treino com o Riograndense, que venceu o a partida pelo placar de 2 a 1, no dia 1º de maio de 1958.
Em 1962, aos 36 anos, Dinarte Fernandes da Palma, realizado e sem o mesmo entusiasmo de quando era um jovem atleta, encerrou sua carreira, quando fazia sua segunda passagem pelo Riograndense.
Nos anos próximos à sua aposentadoria como esportista profissional, Seu Palma dividira seu tempo entre os gramados e o microfone. Foi apresentador do programa “Brasil de Norte a Sul”, na Rádio Guarathan, onde trabalhou durante um ano, até ser transferido de seu cargo como funcionário público do DAER para Caçapava do Sul.
Apesar do fim da carreira como jogador de futebol profissional, não abandonou o esporte. Levou para os campos da várzea sua fama como pegador de pênaltis, atuou no 14 de Julho e no Aliado, clubes de futebol amador de Santa Maria.
Mas a ligação que Seu Palma tinha com o esporte não terminou na várzea. Quando esteve em Santa Catarina, onde sua filha, Vera, residia, assumiu como treinador a segunda equipe de um time de handebol feminino, enquanto seu genro era técnico do time principal. Lá, disputou e conquistou alguns torneios, o que causou uma rivalidade sadia com seu genro, que, em certo momento e em tom de brincadeira, sugeriu que ele voltasse para Santa Maria, pois enquanto Seu Palma empilhava conquistas com o segundo time, ele não ganhava nada com as titulares.
Seu Palma, muito humilde, atribui grande parte de suas vitórias, tanto na vida quanto no esporte, à qualidade que mais preservou ao longo da vida, o diálogo. Qualidade essa que permitiu a ele levar para a vida amizades feitas quando esportista e que também foi fundamental para manter firme a relação com sua esposa, Teresinha Freire da Palma, de 78 anos, e casada com Seu Palma há incríveis 60.
Seu Palma espera que, em 2012, ano do centenário de seu time do coração, possa vivenciar no Estádio dos Eucaliptos, dessa vez como torcedor, uma campanha vitoriosa do Riograndense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário