segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Torcida x Clubes - Uma reflexão do futebol de Santa Maria


No titular da rede, temos a liberdade de escrever neste espaço sobre o tema  que achamos conveniente, sempre ressaltando que parte de uma opinião pessoal sobre tal fato. Por isso, depois de muito refletir resolvi dissertar sobre o tema: Torcida x Clubes, o futebol em Santa Maria.  O atrevimento para tal reflexão se dá de uma pequena convivência que estou tendo nos últimos 18 meses dentro de Inter-SM e Riograndense levando em conta sempre suas dificuldades em manter o futebol.

O papel dos dirigentes

O futebol de Santa Maria precisava e ainda precisa urgentemente de profissionais dentro das diretorias dos clubes. Não se pode mais dar espaço para pessoas que fiquem ligadas a conceitos pequenos do futebol amador ou então, de dirigentes com poder aquisitivo que estão nas diretorias apenas por possuírem capital para investimentos. O futebol que algumas pessoas pensam como conceitual dentro de campo e na sua administração não dá mais margem para amadorismo e Santa Maria ainda sofre com pensamentos desse nível.

Ainda bem que o pensamento retrogrado referido acima está sendo eliminado. Em 2012, o Riograndense trouxe na figura de Renan Mobarack como gerente executivo, alguém profissional e atualizado para cuidar estritamente com o futebol. O Inter-SM, chamou Foguinho para realizar esse papel e o trabalho de ambos pode ser considerado bom.

Só não é melhor pelos problemas que assolam os clubes. O Inter-SM passa por dificuldades financeiras que todos estão cansados de terem conhecimento. O lado esmeraldino apesar de não estar igual na situação do rival, também sofre com problemas, tanto é que quase não joga a Copa Hélio Dourado neste segundo semestre.

Já que a situação não é fácil, é preciso diminuir a chance de erros. Os dirigentes precisam mostrar planejamentos compatíveis com as realidades dos clubes e principalmente, serem profissionais qualificados em cada área de atuação sem espaços para velhos amadorismos. Há renovação se faz necessária sobretudo no pensamento.

A torcida que cobra, mas pouco ajuda

Muito fácil seria apenas criticar, apontar avanços administrativos e dos dirigentes santa-marienses, mas não é só eles que precisam ligar o sinal de alerta. Durante a divisão de acesso, Inter-SM e Riograndense tiveram inúmeros motivos para seu torcedor abarrotar as arquibancadas de seus estádios. O primeiro, fez uma campanha de superação de seus atletas e clamou para que seus torcedores comparecessem, porém, com retorno mínimo na grande maioria dos confrontos. O Riograndense, até pela campanha levou mais torcedores, mas que em momentos que precisavam apoiar, não davam a resposta "no grito".

Durante o período de transição para a copinha, só ouvia-se que os clubes tinham que manter ativos as atividades, não se permitia o fechamento durante o segundo semestre. A resposta era clara, os torcedores tinham que ajudar, assim como os empresários. Quando ambos confirmaram-se na disputa, o torcedor aprovou a iniciativa, mas ficou como promessa de políticos: da boca para fora.

A copinha chegou e é um fracasso as torcidas. Estive num jogo no Presidente Vargas, quarta-feira, 20 horas, tempo bom e tivemos um público pífio de 100 pessoas. No último jogo contra o 14 de Julho, sábado a tarde, tempo favorecendo outras vez, 100 pessoas. O torcedor do Riograndense não fica muito atrás, contra o mesmo 14 de Julho, num sábado ensolarado, tivemos em alguns momentos mais policiais do que torcedores.

E tivemos um clássico Rio-Nal. Faço um desconto que a partida foi numa quarta-feira a tarde, o público beirou as 500 pessoas, mas este foi a exceção das exceções. No ritmo que estamos, o próximo clássico que será a noite, não vai dar mais de 2000 pessoas.  Por isso, não adianta o torcedor ficar cobrando, exigindo que os clubes se mantenham ativos, se quando precisa de seus adeptos, não há resposta.

Os ingressos não são caros, estão muito mais acessíveis. Os horários e na maioria dos casos o tempo ajuda, mas parece que sempre falta alguma coisa para esses torcedores.

O Futebol dos "Veteranos" supera o Profissional

O futebol dos sábados dos veteranos é mais atrativo que o profissional. Parece inacreditável, mas é o que acontece no coração do Rio Grande. Nas últimas semanas que ouvi de pessoas e torcedores criticando os clubes profissionais por colocarem os jogos no horário dos jogos veteranos não foram poucos. Isso me leva a crer que para os torcedores, aqueles citados acima, que não comparecem ou vão em número ridículo as canchas profissionais preferem o amador ou estão mais preocupados com ele.

Não tenho dados, mas é muito provável que um jogo dessas copas veteranas dão muito mais público que o jogo profissional. E aqui cabe uma ressalva: Não sou contra aos jogos dos veteranos, acho muito legal que a cidade tenha isso enraizado. Mas colocar em PRIMEIRO PLANO esses jogos do que os profissionais, é realmente na minha visão inaceitável, e é isso que está acontecendo.

Para reflexão

De que adianta o futebol profissional de Santa Maria estar captando pessoas capacitadas, apaixonadas e engajadas por seus clubes deixando de lado o amadorismo que perpetuou-se nas diretorias se quem ajuda a fazer o futebol que é a torcida está cada vez mais ausente e só aparece para cornetar? Que empresário da cidade ou de fora, vai querer apostar com investimentos de patrocínio se as camisetas são pouco comercializadas e a sua marca é colocada num estádio "vazio"? Que futebol Santa Maria quer continuar dando preferência, o profissional ou amador?

Se essas respostas que começam a aparecer não mudarem de cenário e se mantenham da maneira que está, pode estar sendo decretada de vez: O FUTEBOL PROFISSIONAL SANTA-MARIENSE ESTÁ NA UTI!


Guilherme Kalsing - Acadêmico de Jornalismo da Unifra  



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